A farmacêutica Maria da Penha, que intitula a lei que protege mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil, comentou sobre o caso da apresentadora Ana Hickmann, que pediu divórcio do seu marido, Alexandre Correa, após o acusar de tê-la agredido.

“Exemplos de mulheres como Ana Hickmann estimulam pessoas mais bem vistas na sociedade, que têm uma estrutura familiar boa e estável, a dizer chega e denunciar. E só então a realidade que ela estava vivendo aparece”, disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

“A alta sociedade se esquiva de denunciar essa violência, seja por vergonha, seja por estar vivendo uma situação confortável, cujos privilégios seriam perdidos a partir da denúncia. Quando a violência é exacerbada, então a coragem aparece”, completou.

Em 1983, há 40 anos, Maria da Penha foi vítima de uma dupla tentativa de feminicídio pelo então marido, Marco Antonio Heredia Viveros. Ele deu um tiro em suas costas enquanto ela dormia, o que fez com que a farmacêutica ficasse paraplégica. Ele declarou, no entanto, que o ocorrido teria sido resultado de um assalto, versão desmentida pela polícia.

Marco Antonio Heredia Viveros passou por dois julgamentos e só foi condenado em 2002, após o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-americano e  do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) denunciarem o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA), em 1988. A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).